sábado, 5 de julho de 2008

Quando não gostamos do que fazemos


Reflexão do Físico Jorge Lucio, colaborador do Ciência, Arte & Magia

Quando não gostamos do que fazemos, odiamos a nós mesmos.

Sabe-se que educar é um ato de ensinar e aprender, é necessário em todas as comunidades e faz parte do íntimo de cada ser, porém educação é algo próprio de ser adquirido, ou seja, como não se dá o que não se tem, é impossível educar alguém se o pressuposto educador não for educado.

Partindo do princípio que para haver educação, são imprescindíveis educador e educando, e basta observar que não faltam educandos, concluimos que não temos é educadores.

Os motivos são vários, para se educar é necessário paixão, faz-se necessário doar-se, é necessário compreender aquilo que se quer passar, ter domínio de causa e efeito, compreender a natureza do ensinamento, enxergar a alma do educando, conduzi-lo à plenitude do conhecimento a ser passado, ou seja, é preciso ser uma ponte, mas não uma simples ponte, que balança ao menor dos ventos da insegurança, ninguém atravessa uma ponte ultrapassada, insegura, mambembe.

Professores são como pontes feitas de retalhos de conhecimentos vazios e sem encanto, vivemos e convivemos com pessoas que não acreditam no que ensinam, nem mesmo dominam aquilo que dizem, e o dizem sem convicção.

Fingir saber algo é pior do que não saber, não gostar do que faz é odiar a si mesmo, é enfiar um punhal na auto-estima, é desperdiçar uma vida, é ser inútil e daninho.

Não educamos em espaços formais de ensino, adestramos. Isso porque não há espaço para se ouvir, apenas para expor, não há espaço para descobrir, apenas para reproduzir, não há espaço para soluções apenas para problemas, tratam-se de aterros sanitários humanos camuflados na pele de igrejas, escolas, faculdades.

Não há conhecimento acima do homem que este não possa alcançar, porém a escada para se chegar lá chama-se humildade, e é construida de estudo, perseverança e amor.

Quem ama se entrega. Ame o conhecimento, lute por ele, dedique-se a ele. Seja uma ponte, segura, firme, capaz de suportar grandes tensões, que conecta uma mente insegura e perdida a um universo de conhecimentos. Não seja exemplo, seja exemplar, não seja conselheiro, seja guia, vá à frente do grupo, confie, acredite, ouse, e por fim, eduque, mas antes de tudo, eduque-se.

Jorge Lucio

Um comentário:

Marcel disse...

gostei do texto. Irei repassar.