sábado, 3 de maio de 2008

Especial FENACEB

Confira aqui os passos dos estudantes e professoras do Ciência, Arte & Magia na FENACEB!



Nove estudantes do Ciência, Arte & Magia participaram da 2ª edição da Feira Nacional de Ciências da Educação Básica (FENACEB), promovida pelo Ministério da Educação e pela UNESCO. O evento foi realizado em Brasília de 15 a 17 de abril, e reuniu um total de 170 trabalhos. O Centro Avançado de Ciências da UFBA participou com quatro trabalhos, escolhidos após uma avaliação de todos os experimentos apresentados no “Laboratório do Mundo: O Jovem e a Ciência”, que aconteceu em Outubro de 2007 e levando em conta a assiduidade, a participação e a facilidade de se comunicar dos estudantes.

Os trabalhos escolhidos para apresentação na feira foram “A Sala Verde e a Comunidade” de Matheus Sá e Oto Gibson, “Cheirando com outros olhos” de Naiara Ramalho e João Carlos, “Engolindo os fatos: a digestão começa na boca?” de Caio Vinícius, Carlos Alves e Drielle Bidu e “A Ciência e a Arte da Taxidermia”, de Orlando Augusto e Deivisson Freitas . Todos os alunos são ou foram bolsistas de Iniciação Científica Júnior do Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/UFBA/FAPESB/CNPq). A Pedagoga Rosimere Lira e as Biólogas Roberta Smania e Rejâne Lira foram as professoras orientadoras que acompanharam os estudantes nesta jornada e participaram como observadoras, da Conferência Nacional de Educação Básica.

O objetivo da FENACEB é reunir num único lugar as atividades de iniciação científica das escolas da rede pública e centros de ciências de todo o Brasil. Além de uma diversidade de trabalhos, a feira foi uma oportunidade de integração dos estudantes com jovens de todos os estados brasileiros, resultando numa grande troca de cultura.

O Ciência, Arte & Magia também participou da 1ª edição da FENACEB com a apresentação de seis trabalhos, em novembro de 2006, na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Esta reuniu 135 trabalhos, um número menor do que na 2ª. Essas participações ajudam o Centro de Ciências a apresentar trabalhos cada vez mais qualificados, sempre superando as expectativas da equipe.


Uma Semana na FENACEB


Os estudantes saíram de Salvador na segunda-feira, dia 14/04, num vôo às 16h35min. Chegaram à Brasília às 18h35min. Na chegada ao Aeroporto, receberam orientações dos organizadores do evento para esperar o ônibus que os conduziria até o hotel. Todas as despesas de deslocamento, hospedagem e alimentação foram arcadas pelo Ministério da Educação.



Na terça-feira, 15/04, data de início do evento, os estudantes chegaram ao centro de convenções Ulysses Guimarães às 08h00min para arrumar os estandes. O horário de início das apresentações era às 09h00min. Neste primeiro dia de apresentação, os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer o ritmo da feira e os visitantes dos seus estandes. A exposição e realização dos experimentos foram as mesmas do evento regional “Laboratório do Mundo: o Jovem e a Ciência”, em outubro de 2007. No final das atividades, às 17h00min, os estudantes assistiram a abertura do evento com peça teatral e coral.











Na quarta-feira, 16 de abril, o ritmo de atividades foi ainda mais intenso. O número de escolas visitantes cresceu, e as apresentações foram repetidas com mais freqüência. A estagiária Mariana Sebastião e o estudante Deivisson Freitas, acompanhados das professoras Rejâne Lira e Rosimere Lira foram ao Ministério da Ciência & Tecnologia entrevistar o Dr. Isaac Roitman, criador do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBIC Jr.). Mariana e Deivisson perguntaram ao Dr. Isaac como foi pensado o PIBIC Jr., qual o seu quadro atualmente, as maiores dificuldades e a nova proposta de Iniciação Científica no Ensino Fundamental. A entrevista fará parte de um documentário sobre a FENACEB, produzido pela estagiária Mariana Sebastião. À noite, convidados pelo Dr. Isaac, os estudantes foram a um rodízio de pizzas, e trocaram com ele várias experiências.








Ainda no dia 16, a estagiária Mariana Sebastião entrevistou o Secretário de Educação do Estado da Bahia, Adeum Sauer. O secretário respondeu sobre as medidas para reverter à situação da educação pública na Bahia e as idéias para melhorar o ensino de ciências no Estado. Mais tarde, Mariana Sebastião, Deivisson Freitas e a Profª Rejâne Lira visitaram o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O objetivo foi entrevistar a coordenadora de Programas Acadêmicos, Drª. Silvana Medeiros. Mariana e Deivisson falaram das suas experiências como bolsistas de Iniciação Científica Júnior e perguntaram à Dr. Silvana sobre o PIBIC Jr., suas expectativas para o futuro e o novo projeto de Iniciação Científica no Ensino Fundamental. Depois, visitaram a Assessoria de Comunicação Social do CNPq. A jornalista Eliane Discacciati apresentou-os a assessoria, contou a rotina de trabalho dos jornalistas, apresentou o jornal impresso do CNPq e sugeriu a divulgação do Pergaminho Científico pelo site do Conselho. As duas entrevistas também farão parte do documentário da FENACEB.







No dia 17 de abril, quinta-feira, a expectativa já era de despedida. Neste último dia de atividades, os estudantes apresentaram mais uma vez os seus trabalhos para as escolas e professores que freqüentavam a Conferência Nacional da Educação Básica. No turno vespertino, fizeram um passeio para conhecer a Capital Federal. Visitaram o Congresso Nacional e fizeram um passeio guiado à Câmara dos Deputados e ao Senado federal. Depois foram à Torre de TV de Brasília, para ver a cidade do alto. Na volta ao centro de convenções, os estudantes assistiram ao encerramento do evento, que foi a premiação do concurso “Prêmio Ciência” para escolas públicas. À noite, os estudantes se reuniram para comemorar o aniversário surpresa da estagiária Mariana Sebastião. No dia 18 de abril, os estudantes voltaram a Salvador num vôo de 11h10 min. Carregavam já formadas as suas opiniões sobre o evento e as experiências adquiridas com as atividades.














Os Trabalhos


Os estudantes falaram dos seus trabalhos na feira e de suas impressões sobre o evento:

“Engolindo os fatos: a digestão começa na boca?” – Caio Vinícius, Carlos Alves e Drielle Bidu.

Por Drielle Bidu








Nosso trabalho apresentado na FENACEB busca mostrar a importância da mastigação no processo da digestão. Nós utilizamos alguns alimentos como feijão, arroz, soja, pão, biscoito, e materiais como tubos de ensaio, sulfato de cobre, lugol, hidróxido de sódio e efervescente. Primeiro Carlos Alves explica sobre as proteínas. O participante do experimento escolhe o alimento que acha que tem proteína entre os expostos. O escolhido é colocado no tubo de ensaio e misturado com hidróxido de sódio e sulfato de cobre. Se o alimento contiver proteína, ficará com uma tonalidade perto de roxo, lilás. Após a apresentação da proteína, Caio Vinícius faz a apresentação do amido. Da mesma forma que o experimento sobre a proteína, o participante escolhe dentre os alimentos aquele que acredita ter amido. Este é colocado no tubo de ensaio e misturado com lugol. Se ficar em uma tonalidade perto de roxo, quase preto, o alimento contém amido. Depois disso, eu simulo a ação do suco gástrico sobre o alimento no estômago com dois Béqueres de 250 ml, cheios de água. A água representa o suco gástrico e o Béquer, o estômago. Em um eu coloco efervescente “mastigado”, e no outro, “não mastigado”. O objetivo é mostrar que o alimento “mastigado” no estômago tem uma melhor facilidade de dissolução, indicando assim que é imprescindível mastigar bem os alimentos. No final distribuímos fitinhas de PH que servem para medir a acidez da saliva. Achei a FENACEB parada. Lá tínhamos que ficar chamando os estudantes para assistir o experimento, já que ninguém parava para assistir nossa apresentação. Não estava dinâmica quanto esperava, e os estandes dos outros estados estavam vazios. Mas nosso experimento atingiu o objetivo. As pessoas gostavam porque era bem interessante e nós exibimos alimentos na mesa, e isso causava curiosidade.


A Ciência e a Arte da Taxidermia” – Orlando Augusto e Deivisson Freitas

Por Deivisson Freitas


Ao realizarmos esse trabalho, Eu e Orlando – minha dupla – objetivamos dar acesso ao público sobre o que vem a ser a taxidermia, pois o conhecimento desse tipo de conceito é restrito àqueles que trabalham nessa área. A taxidermia é o conjunto de técnicas e procedimentos que possibilitam e tem por objetivo o resgate de espécimes animais descartados, ou seja, age como se fosse uma reciclagem do lixo animal. Animais vertebrados mortos que seriam descartados e apenas apodreceriam na natureza são reutilizados com fins científicos, didáticos ou até mesmo para fins de lazer. Na taxidermia é feita uma incisão no ventre do animal e, por esse corte, são retirados todos os órgãos, ossos e vísceras. A pele - agora “oca” – é recoberta com substâncias químicas, como o borato de sódio (bórax), que irão protegê-la contra a ação de bactérias decompositoras. Além disso, a taxidermia pode resultar numa montagem osteológica. Toda carcaça retirada do animal é limpa através da maceração e no final desse processo os ossos saem limpos, prontos para serem montados, como no esqueleto original. Mostramos esses processos para as pessoas através de um rato taxidermizado que tínhamos “em mãos”. Os ossos dele não tinham passado pelo processo de montagem osteológica, logo, estavam soltos um do outro. Pedíamos às pessoas que localizassem o lugar de alguns ossos na figura do esqueleto completo em menor tempo possível. Essa tática foi utilizada por ser um jogo dinâmico que permitia a participação direta do público, também por atrair muito a atenção das pessoas, que ficavam encantadas com os ossinhos do rato. Houve momentos na feira que dava para apresentar bastante. Entretanto, em alguns momentos, muitas pessoas passavam, perguntavam do que se tratava o trabalho e seguiam direto, sem dar atenção. O bom foi que pude conhecer pessoas maravilhosas de todos os cantos do Brasil. Simplesmente, inesquecível.


“A Sala Verde e a Comunidade” – Matheus de Sá e Oto Gibson

Por Oto Gibson









O principal objetivo da ida da Sala Verde à FENACEB foi a sua divulgação. Levamos o espaço para que as pessoas conhecessem a Sala Verde, já que é um projeto não muito divulgado. A Sala Verde é um espaço de democratização das informações sócio-ambientais e procura atingir todas as faixas etárias de todas as camadas da sociedade de uma forma dinâmica. Reconhecemos que o planeta se encontra num grande estado de desequilíbrio e se faz necessária a disseminação da idéia de preservação ambiental. Através desse incentivo à educação ambiental, a Sala Verde Ciência, Arte & Magia busca a partir de jogos, oficinas, palestras, reuniões etc. trabalhar com a idéia de preservação do meio ambiente. Uma Sala Verde pode ser fundada por qualquer instituição ou ONG. Gostei muito da FENACEB, achei que todos que paravam para assistir a nossa apresentação ficavam satisfeitos, entendiam o que era a Sala Verde, seu trabalho com a comunidade, seus propósitos e o seu funcionamento. A nossa participação foi muito comentada, principalmente pelos professores.


“Cheirando com Outros olhos” – João Carlos e Naiara Ramalho

Por Naiara Ramalho







Nosso trabalho é o “cheirando com outros olhos”, por que isso? Porque pedimos para que se identifiquem substâncias sem que a visão possa influenciar. Para isso, padronizamos cinco substâncias e nelas colocamos anilina, para que não relacionem a cor com o cheiro, ou sabor. No experimento A, as pessoas tentam identificar essas cinco substâncias e anotam em um gabarito. Depois, explicamos o sistema olfativo. Onde o olfato funciona através do cérebro, que atrás dos orifícios das cavidades nasais existem 10 milhões de neurônios olfativos, que são células cerebrais ciliadas, depois as informações são enviadas para o bulbo olfativo, onde se combinam as proteínas. De lá as informações podem seguir por dois caminhos, um para as localidades consideradas superiores do cérebro, onde o aroma é gerado e outra para as localidades consideradas primitivas, que comandam nossas memórias e emoções olfativas. No experimento B, a diferença é que no intervalo de uma substancia e outra, o participante cheira os grãos do café torrado, e também anotar no gabarito. Então explicamos que o café purifica o olfato, e falamos que café tem a capacidade de não deixar nenhum resíduo de pó ou micro gotas depositados nas narinas, exatamente por ser uma substância orgânica muito volátil, assim mascarando os cheiros fortes semelhantes a ele. Algumas pessoas acham que cheirando o café fica mais difícil identificar o cheiro das substâncias, embora a grande maioria ache que fica mais fácil. Essa confusão ocorre às vezes pelo fato do aroma do café ser muito forte. A FENACEB foi uma experiência diferente. Uma experiência boa. O ritmo de apresentação era bastante cansativo, quase não conseguíamos sair do nosso estande para visitar outros trabalhos. Apesar disso, conseguimos ver o resultado do nosso experimento nas pessoas, elas gostavam. Recebemos vários comentários e elogios. Professores de química e biologia passavam muito por lá. Muitos achavam o experimento muito longo, mas quem assistia, gostava.


Um estande do nosso Projeto foi também instalado na FENACEB para a divulgação do Projeto, assim como a disponibilização das nossas Produções.

Por Rejâne Lira (Coordenadora do Projeto “Ciência, Arte & Magia)

Nosso estande atraiu principalmente Professores que participavam da Conferência Nacional de Educação, além dos que estavam acompanhando os estudantes de outros estados na FENACEB, assim como nós. Foi uma experiência bastante rica na troca de experiências entre os diversos programas de Educação Científica que estão sendo realizados por este Brasil a fora. Nosso País, de dimensão continental, abriga muitas culturas e, aliado às grandes dificuldades que enfrentamos no Setor da Educação, faz com que sejamos criativos na resolução de problemas para o Ensino de Ciências. Esta iniciativa do MEC vem atender a uma demanda da sociedade, dos educadores, dos educandos e das escolas no sentido de apresentar boas iniciativas para a melhoria da Educação Básica. Finalmente, devo salientar uma particularidade do nosso Projeto em relação aos demais: o investimento na Vocação Científica, através da produção de trabalhos, frutos de planos de pesquisa de Bolsas de IC-Jr., propiciando aos estudantes o exercício da cidadania, na medida em que mostram à sociedade o resultado de suas pesquisas, de maneira criativa, interativa e lúdica.

Professora Rosimere Lira participou da reunião com os organizadores da FENACEB, no sentido de fazer uma avaliação geral do Evento e propor medidas para melhora-lá.

Por Rosimere Lira (Pedagoga do Projeto “Ciência, Arte & Magia”)

A reunião da FENACEB foi convocada pelos organizadores que solicitaram a presença de alguns professores que estavam acompanhando trabalhos na feira. A princípio, ela começou com algumas pessoas se apresentando, dizendo de onde eram e falando das ações desenvolvidas no seu estado e no seu grupo de trabalho. Fui representando a Profª. Rejâne Lira, e quando me apresentei como coordenadora pedagógica do Projeto Ciência, Arte & Magia, os professores já conheciam o trabalho da Bahia, então isso foi muito positivo. Discutimos muitas coisas, e uma delas foi a questão da verba que financiou os projetos na Semana Nacional de Ciência & Tecnologia de 2007, incluindo o nosso evento, “Laboratório do Mundo: O Jovem e a Ciência”. Todos se queixavam que o dinheiro demorava de chegar e o processo para sua retirada era muito burocrático. Mas elogiaram muito a estrutura da feira desse ano. Realmente, a estrutura foi maravilhosa. Criticaram também a falta de visitação dos estudantes da rede pública de ensino, de todas as idades, da educação infantil ao ensino médio no evento como um todo. Nós só tivemos visitação de algumas escolas públicas de Brasília que estavam expondo trabalhos lá, e em massa dos professores que estavam participando da Conferência Nacional da Educação Básica. Acho que uma feira de ciências é um espaço de visitação principalmente para estudantes, porque é feita por estudantes, os trabalhos foram construídos e estavam sendo apresentados por estudantes. Nesse caso, nada melhor do que outros estudantes assistirem para se sentirem estimulados a fazer ciência.

Nenhum comentário: